Cultura Hip Hop ou Movimento Hip Hop?

Cultura Hip Hop ou Movimento Hip Hop?  

    Faço essa pergunta devido às diversas concepções que existem sobre o que é Hip Hop. Pode-se dizer que cultura Hip Hop compõe o Movimento Hip Hop, mas, nem sempre os que praticam a cultura Hip Hop compõe o movimento Hip Hop. Pois há aqueles que praticam a cultura hip hop, mas não se dedicam as diversas causas que permeiam a cultura hip hop, ou seja, uns curtem, consomem passivamente o hip hop, e outros se movimentam, se organizam e lutam. Para mim, essa é a grande diferença de quem é da cultura ou do movimento hip hop.

          Pois bem, para compreender melhor esta idéia, preciso explicar um pouco sobre o que é e qual é o papel da cultura na sociedade. Vejamos, parto do entendimento que a cultura pode ser apropriada de forma a reafirmar ou conservar um conjunto de crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que integram e identificam uma sociedade, ou ao contrário também pode ser expressa negando todos esse conjunto que forma a cultura e isso ocorre geralmente quando há uma  tomada de consciência dos indivíduos sobre o que a cultura representa e para que serve  ou a quem ela serve.

            Nesta sociedade em que vivemos, constituída por uma classe que vive da dominação e exploração da outra, ou seja, a sociedade capitalista, a cultura é modelada através de diversos veículos de propagação (a família, as escolas, a leis, a mídia, arte, etc.) a ser transmitida com bases em valores que estruturam esta sociedade, que são basicamente o individualismo, a competição ou concorrência, e a propriedade.

           E assim, vemos muit@s camaradas b-boys, b-gilrs, MCs, DJs e grafiteir@s, em geral, criam uma falsa idéia de resistência por apenas andarem com um visual “alternativo” e uma cara de mau, de pose de foto e muitos até fazem uma arte bem original e verdadeira mas não percebem que estão consumindo um hip hop financiado pelos grandes interesses alienadores da indústria cultural que reforça nas nossas consciências a dominação, associando cada vez mais a idéia de que a pessoa vale pelo que ela tem (dinheiro, carro, tênis, prostitutas de luxo etc.) e não pelo que ela é (criativa, solidária, libertária, etc.).

Diante desta avalanche cultural massificadora e alienante não podemos ficar indiferente, imóveis, mas sim, devemos relembrar a essência do Hip Hop original que foi um grito de resistência anticapitalista do povo negro e pobre inspirados pelo movimento negro e pelo partido comunista Panteras Negras e nos organizarmos para travar esse “racha” cultural e ideológica. Pois, lembrando a grande revolucionária Rosa Luxemburgo “Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”.
Para quem curti um som bom e combativo, o link abaixo tem uma apresentação dos camaradas do Giria Vermelha mandando ver com " É preciso Lutar!"
http://www.youtube.com/watch?v=wGvRzjxNtXs