.

.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

De: Maria Carolina
Para: Mim

Meu amor, parabéns. Não parabéns por um certificado, você me conhece e sabe o quanto pouco me importa os títulos. Mas no entanto esta postura não excluiu a possibilidade de uma construção brilhante dentro deste processo. Você sabe o tamanho de meu problema academia (teórico, prático,politico, humano e emocional), como pra mim representa um espaço hostil e opressor, aliás um espaço que é pensado para ser como tal, com suas GRADES, DISCIPLINAS E AVALIAÇÕES...Conhecendo você como mestrando (antes de nossa relação), eu te enxergava como um ponto fora desta reta, desse caminho linear, que pouco se preocupa com o que está ao redor desta estrada. Conhecendo seu trabalho eu fui quebrando as minhas estigmatizações e aos poucos descobrindo que não era teoria jogada ao vento, tinha sim um brutal acúmulo teórico, mas uma prática, com sua militância, coerente com seu projeto politico (e ressalto que por mais que tenhamos divergências, prática pra mim, significa também tornar acessível essas discussões em espaços cotidianos). Pacientemente com as suas atitudes você foi me mostrando a grandeza e importância que pode existir em um trabalho acadêmico burocrático-teatral em nossa formação tanto como possível profissionais, quanto como sujeitos protagonistas destes processos históricos. Foi fantástico encontrar iem seus trabalho significados nestas construções sociais simbólicas que institucionalizam o conhecimento, nas minhas reflexões diárias, a dissertação era sua, mas compartilhei de forma diferente é claro um profundo aprendizado. Eu fico muito feliz de ter compartilhado esta reta final cotidianamente contigo, com todas nossas crises e conflitos que posteriormente acabaram sendo essenciais para repensarmos nossa sensibilidade e solicitude, acho que passar por isso nos tornou ainda mais companheiros, mais atenciosos um com o outro. Neste meio tempo muita coisa aconteceu e vamos lá passamos alguns pequenos perrengues, e digo isso no campo emocional principalmente, com todas as cobranças que por sermos como somos não damos conta de sanar e com muito amor, muito carinho, muita diversão e paciência íamos conseguindo transformar em algo leve e isso nunca seria possível se não houvesse muito diálogo e duras (mas doces) revisões de nossos erros. Sei que você tem passado agora por processos muito enriquecedores, mas ao mesmo tempo contraditórios e doloridos (haja tai chi) e você sabe como meus olhos brilham de escutar sua vinda do trabalho, porque ele te transforma diariamente como sujeito, mexe com todas as suas maiores convicções, te pões dúvidas, atordoa sua cabeça, te desafia, te instiga, te traz novos horizontes, formas de comunicação, de organização, nele você encontra (sem romantismo) muito de perto as relações humanas, o sujeito que por vezes passa batido em análises estruturalistas, mas ao mesmo tempo as contradições escancaradas nesta realidade...e toda essa descoberta que você abre o sorriso para contar e ficamos tempos com os pensamento embraçados mostra o quanto você está feliz, mesmo com todo o peso que te dói a coluna do status que carregamos. E eu vou me apaixonando e me apaixonando e me encantando por sua luz de realizar, aprender, tocar neste novo trabalho. Mas pois bem a vida é como o moinho do Cartola ou a roda do Chico e você tem milhões de possibilidades, te confesso e isso não é segredo pra gente que tenho muitos receios da DE-FORMAÇÃO acadêmica, mas ao mesmo tempo e agora te conhecendo, como amigo, companheiro, intelectual, em muitas esferas da sua vida, jamais conseguiria por seu presente e pelo grande traçado de sua história que a universidade sirva e que você reproduza mecanicamente todo esse conhecimento, sei que você tem todas as condições do mundo pra sair ( não sem um esforço de auto critica constante) dos moldes, das caixinhas, pra não perder os olhos nos olhos, os brilhos nos olhos de quem acredita em uma transformação desta sociedade por outras vias que não somente os quadrados brancos, com apagadores de sonhos, de idéias e de experiências. Em síntese (pra em seguida virar tese) eu queria dizer que tenho muito orgulho de você, em todos os sentidos, todos os dias, que compreendo (pelo menos tento) suas particularidades, seu tempo, a diversidade de caminhos que nos fazem seguir por uma linha diferente, não normativa, que não supre as expectativas desta sociedade que convenhamos não deve mesmo ser um exemplo pra nós, cada um desses caminhos turvos é uma transformação que não deve jamais ser descartada...se você é quem é hoje, foi por todo esse caminho torto (como você) que foi te construindo e ainda tem muitos a serem escolhidos e que eles sejam como as ondas das sua revolução. Eu fico profundamente feliz de você ser esse ponto fora da estrada, porque se eu estivesse nela seria para ser consecutivamente atropelada, só fora dela foi possível a gente se encontrar. Eu vou te apoiar em cada escolha que você fizer e faremos muitos planos, passaremos mais um tanto de perrengues, entraremos em crise, eu morrerei de chorar após as minhas aulas e você me ajudará a encontrar caminhos viáveis dentro dos meus traumas, você desequilibrará para algum lado (porque é sempre preciso fazer escolhas) e eu estarei de braços abertos para te pegar, vou ficar chorosa com excesso de trabalho, enquanto você trata comigo meus complexos fúteis de pequena burguesa, aí nós vamos levando, mas vamos levando de uma forma esquisita, vamos levando na extremidade da felicidade, porque a centralidade é coisa de mais pra gente. Te amo profundamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário